domingo, 12 de fevereiro de 2012

Pressão deve ser medida nos 2 braços


Resultados diferentes podem indicar maior risco de doença vascular periférica, afirma revisão de estudos

A costureira Ceres Pereira Lopes, 65, resolveu aferir a pressão arterial nos dois braços, em vez de em um só, como é de costume. Para sua grande surpresa, o membro direito apresentou medição de 120 mmHg por 80 mmHg (12 por 8) e o esquerdo de 140 mmHg por 80 mmHg (14 por 8), uma diferença de 20 mmHg e que merece agora uma atenção médica especializada.

Uma revisão recente de 28 estudos publicada na renomada revista "The Lancet" aponta que os médicos deveriam medir a pressão arterial nos dois braços - e não apenas em um, como ocorre na maioria dos consultórios.

Atenção

Isso porque medidas diferentes podem indicar um risco aumentado de doença vascular periférica. Quando a diferença entre as duas sistólicas for acima de 15mmHg, há um risco 70% maior de morte por doença cardíacas, como o temido infarto.

A vice-presidente da Sociedade Cearense de Cardiologista, Ana Lúcia de Sá Leitão Ramos, cardiologista, até comemora essa nova recomendação. Entretanto, afirma que já realizava, com cuidado, ambas medições.

"Mas, não há necessidade de se medir nos dois sempre. É mais na primeira vez do paciente, para se fazer um mapeamento ou sempre que achar necessário. Se der uma diferença muito grande, pode ser indicativo de hipertensão secundária, de uma causa especifica, como um mal funcionamento renal, dos vasos. Espero que essa ação pegue", diz.

Trabalhando há mais de 17 anos na Praça do Ferreira, no Centro da cidade, a auxiliar de enfermagem, Francimar Pereira, 64, se disse surpresa com a tal novidade médica. Ela, às vezes, até media a pressão nos dois membros, mas era uma situação rara, quando um cliente, segundo ela, mais "nervoso" lhe pedia.

"Todo dia, inventam coisas novas. Agora deu essa aí. Eu vou ver se faço virar hábito, apesar do trabalho ficar dobrado", conta a auxiliar. Nesses anos de batente, ela comenta que, a cada ano, percebe mais as pessoas com problema de hipertensão. Dando uma de cardiologista, ela comenta que, por vezes, até acaba fazendo alguns diagnósticos e passando "recomendações".

A pensionista, Leondina Ferreira, 69, é paciente antiga da dona Francimar. Foi fazer uma visita ao seu "consultório" ao ar livre, mas saiu preocupada. Os pés inchados e as dores de cabeça eram sinal de pressão alta. Resolveu, então, medir nos dois membros. A diferença, entretanto, não foi tão significativa.

Para a presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-Ceará), Celina Lopes Muniz, o que mais lhe preocupa, nesse cenário, é o modo como as pessoas estão fazendo a medição, de qualquer jeito, no meio da rua, sem método, correndo o risco, assim, de terem um resultado errado. "Na verdade, não somos favoráveis a essas pessoas que fazem aferições nas ruas. Não há como fiscalizar e garantir qualidade. Podem estar passando diagnostico errado", finaliza.
FONTE: DN

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