terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Estudantes têm direito à recuperação de estudos.

Você realiza recuperação contínua e paralela com seus alunos?

recuperacao-continua-e-paralelaO projeto político-pedagógico das escolas nem sempre contemplam ações de Recuperação contínua e paralela dos alunos.
O PPP, bem como o Regimento Escolar deverá, pois, obrigatoriamente, disciplinar os tempos e espaços de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, tal como determina a LDB, e prever a possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar.
Há ainda que assegurar tempos e espaços de reposição de conteúdos curriculares ao longo do ano letivo aos alunos com frequência insuficiente, evitando sempre que possível a retenção por faltas.
O artigo 12 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) afirma caber às escolas “prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento” (inciso V).
Em outro artigo, ela aponta como um dos critérios a “obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos” (alínea “e”, inciso V, artigo 24).
Daqui, pode-se concluir:
1) As escolas têm autonomia para disciplinar os modos de executar a “recuperação” contínua e paralela dos alunos;
2)”De preferência”, em hipótese alguma, significa “obrigatoriamente” e, logo, pode-se realizar a recuperação, por  exemplo, após o período letivo.

Plano de Recuperação Contínua e Paralela:

Abaixo, proponho algumas idéias de como você poderá organizar a recuperação contínua e paralela  daqueles alunos que apresentam dificuldades nos conteúdos.
Você pode selecionar apenas uma, ou ainda combinar mais de uma idéia, desta  forma o  trabalho  a ser desenvolvido com os alunos é potencializado e os resultados aparecem mais depressa:

– Recuperação contínua e Paralela – Aula no contraturno:

As aulas no contraturno são organizadas fora do horário regular de aula, uma, duas ou três vezes por semana, com duração em torno de 1 hora e meia.
Os alunos são chamados para participar dos grupos de apoio logo após uma avaliação que diagnostique a necessidade de reforço.
Para evitar faltas, o ideal é planejar as aulas em horários contíguos ao turno regular (a criança que estuda de manhã pode frequentar a classe logo após o almoço, e a que faz o horário vespertino, antes das aulas).
Os grupos não devem ter mais de 12 participantes para garantir um atendimento mais individualizado.

– Recuperação contínua e Paralela – Turmas Flexíveis:

As turmas flexíveis são uma reunião temporária de alunos da mesma série ou ciclo em um grupo, no mesmo turno em que estão matriculados, para que façam atividades focadas nas necessidades de aprendizagem.
Em dias específicos, a escola reorganiza as turmas de uma mesma série ou ciclo, reunindo em uma delas os estudantes que precisam de reforço em conteúdos de determinada disciplina.
O professor planeja atividades extras específicas e dedica mais tempo a elas.
Esses grupos duram apenas o tempo necessário para que os objetivos de aprendizagem sejam atingidos.
A escola pode adotar também, a aula compartilhada, em que dois professores trabalham na mesma sala: um segue o planejamento e o outro trabalha com quem tem dificuldade.

– Recuperação contínua e Paralela – Monitoria Professor-Aluno:

Nesta monitoria o Professor dá atenção especial ao ritmo de aprendizagem de um ou dois alunos.
O professor de apoio pode ser da escola ou um Estagiário.
Com a coordenação pedagógica, ele escolhe os alunos que terão atendimento no contraturno, durante duas horas, duas ou três vezes por semana.
Inicialmente você pode selecionar: os alunos que apresentam distorção idade-série ou ainda alunos do 2º. e 3º. ano que ainda não estejam alfabetizados.

– Recuperação contínua e paralela – Trabalho pessoal:

São atividades complementares sobre conteúdos específicos que o professor elabora para alguns alunos para reforçar o que já foi visto em sala ou antecipar aulas futuras – uma maneira de o aluno que precisa de apoio se preparar para atividades que serão propostas em classe.
O olhar atento do professor às lições de casa e às atividades em sala, além das avaliações, permite saber quem precisa de ajuda.
Juntamente com o coordenador pedagógico, o docente prepara atividades e seleciona textos para serem lidos em casa, sempre com o devido acompanhamento e esclarecimento de dúvidas em sala de aula, em geral o docente solicita pesquisas e sugere textos aos alunos.

– Recuperação contínua e Paralela – Monitoria aluno-aluno:

Os próprios alunos atuam como monitores dos colegas com dificuldade de aprendizagem, prática que, além de eficiente, estimula a cooperação entre os estudantes.
Os professores e os coordenadores pedagógicos organizam grupos de trabalho em sala de aula de forma que, os alunos que já dominam certos os conteúdos trabalhem juntamente com os que ainda não aprenderam.
Os monitores devem ser orientados a ajudar os colegas sem fazer as tarefas para eles. É possível também organizar a monitoria entre estudantes de uma série mais avançada para colegas de séries anteriores.
É primordial que ao longo dessas ações o Professor realize avaliações periódicas no sentido de monitorar os avanços dos alunos e propor novas ações até que o mesmo tenha atingido os objetivos propostos.
O que não pode, em hipótese nenhuma, é deixar para realizar a recuperação que deveria ser contínua ou paralela,  às pressas no 4º. Bimestre apenas para dar um “ empurrão” para o aluno.
Lembre-se de documentar todo o processo de recuperação contínua e paralela que você ofereceu ao aluno ao longo do ano, afinal uma possível reprovação poderá implicar em solicitação de recurso por parte da família, e contará a favor do Professor o fato de ter tudo documentado.
E então, gostou das sugestões?
Gostaria de receber seus comentários sugerindo novas ideias de recuperação contínua e paralela, assim todos os colegas do Blog poderão criar um Portfólio de Recuperação para utilizar ao longo do ano letivo.
Fonte: SOS PROFESSOR.

A Gestão deve mediar os conflitos do cotidiano escolar.

Trabalhar em grupo não é nada fácil. Formar uma equipe, então, é um desafio maior ainda! E quando isso acontece, frequentemente, aparecem situações que colocam em xeque o vínculo criado. Às vezes, pela proximidade e intimidade gerada pelo convívio diário, alguém leva para o lado pessoal uma orientação, correção ou mesmo advertência que é preciso ser dada. Outras vezes, quando se vê envolvido em um conflito com um aluno ou uma família, a sensação é de desemparo por conta da atitude dos gestores.
Para que a confiança não seja fragilizada e, assim, o trabalho de equipe não seja comprometido, algumas precauções são necessárias.
A transparência nas relações profissionais é imprescindível! A mágoa ou o descontentamento do professor precisa ser acolhido pela gestão da maneira mais respeitosa e justa. Sendo assim, é necessário, primeiramente, que haja entre a equipe um acordo tácito de tornar claros os fatos que se relacionam ao trabalho, sejam eles positivos ou negativos. Afinal, não dá para contar com a rádio corredor para que a situação chegue ao conhecimento da equipe gestora. Ainda que, muitas vezes, o tempo disponível para uma conversa seja escasso, o compromisso com a boa conviência entre as pessoas deve ser prioridade.
No entanto, apenas relatar o ocorrido não basta. É preciso ter uma postura clara sobre como agir, uma vez que a passividade excessiva diante de fatos em que é esperada uma tomada de decisão pode frustrar o professor. Por outro lado, também pode acontecer de o docente esperar que a gestão fique, incondicionalmente, do seu lado.
Por isso, em primeiro lugar, precisamos ter consciência de que não se escolhe um lado: o do aluno, o da família ou o do professor. A postura da gestão com todo e qualquer membro da comunidade escolar deve ser pautada na justiça e no respeito. Ao analisar com o docente o episódio que causou mal-estar, o foco deve estar na garantia de que os envolvidos tenham resguardados seus direitos. Sendo assim, se o que magoou o educador foi uma atitude ou fala inadequada por parte de um aluno ou de um familiar, é necessário buscar o disparador do episódio, ou seja, o que provocou a situação. Uma vez que se tenha ciência disso, acredito que dois procedimentos são essenciais. O primeiro é refletir com o professor sobre o que mais o está  incomodando, acolher seus sentimentos e auxiliá-lo a analisar aquilo que compete à sua própria prática. O segundo é convidar os envolvidos no conflito para uma conversa em que seja garantido um diálogo respeitoso. Ouvir o estudante ou seu responsável não significa concordar com um ou com outro. O acolhimento ajuda a minimizar a tensão do momento e, mais do que isso, a esclarecer as razões do desentendimento e a encontrar uma solução para ele.
Depois, se houve por parte do aluno ou da família alguma razão de ter se sentido incomodado pelo professor, a equipe gestora precisa de firmeza para deixar claro que nada pode justificar uma atitude mal-educada ou danosa. Se, por outro lado, há algo a ser revisto na postura ou na prática do docente, isso também deve ser colocado na conversa como uma providência a ser tomada pela escola. Entretanto, é necessário esclarecer que a instituição não tem ninguém como adversário, uma vez que seu objetivo é favorecer uma convivência pautada na sinceridade e no respeito.
E como a convivência escolar é sempre um tema instigante e desafiador, fica aqui um convite! Nos dias 20 e 21 de agosto, a Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por meio do coletivo do qual participo, o Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Moral (GEPEM), promoverá o seminário internacional “A Convivência Ética nas Escolas”. Confiram a programação no site https://www.fe.unicamp.br/convivencianaescola/ e participem.