
A direção de uma escola estadual do Bairro Messejana, em Fortaleza, decidiu colocar dentro do prédio da instituição os pais e alunos que pretendiam passar a madrugada desta quarta-feira (29) em uma fila na rua para conseguirem matrículas. Colchonetes e uma televisão foram colocados no pátio e em algumas salas da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio José de Alencar para acomodar os pais que pretendiam passar a noite esperando a hora da matrícula. “Nos vemos na obrigação de minimizar o máximo possível essa espera por uma vaga em uma escola de referência no bairro”, diz a professora Edelúcia Luciano.
“Não deveríamos passar por uma situação dessas. É humilhante. Deveria haver mais vagas e mais escolas”, reclama a auxiliar de serviços gerais Edilza Franco. O funileiro José Pereira afirma que o sacrifício vale a pena para matricular o neto: “Faço isso pelo meu neto, que é um aluno muito interessado”. A direção diz que não tem como distribuir senhas para as pessoas voltarem no outro dia alegando não poder garantir que os interessados retornam para efetivar a matrícula.
Katarina Batista, 14 anos, passa a noite em claro para não correr o risco de perder a vaga. “As vagas nas outras escolas também estão muito concorridas. Em todo canto está assim”, afirma. Douglas Arruda, 12 anos, ficou sozinho na fila porque a mãe teve de voltar para casa cuidar do outro filho.
“Meu pai é caminhoneiro e está viajando e minha tem que cuidar do meu irmãozinho, mas de manhã cedo eu volto para casa e ela vem”, explica. O garoto justifica o sacrifício para a realização do sonho de se tornar um medico. “Tudo na vida tem barreiras. Se não tiver, a gente não consegue. Tenho de enfrentar essas barreiras para alcançar meu objetivo”, afirma.
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